A Fisioterapia no pós-operatório de fratura proximal de fêmur

Uma das lesões mais comuns ocasionadas pelas quedas são as fraturas femorais.

O envelhecimento populacional mundial é uma realidade que preocupa diversas áreas de estudo.

No Brasil, em 2011, a população idosa era de 20,5 milhões, o equivalente a 10,8% da população total e as projeções mostram que em 2020, os idosos serão cerca de 30,9 milhões, ou seja, 14% do total populacional.

O processo de envelhecer é dinâmico e progressivo, onde ocorrem várias mudanças morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, fazendo com que ocorra uma alteração no organismo do idoso, tornando-o mais vulnerável a diversas situações que podem gerar algum tipo de lesão.

No Brasil, 29% dos idosos sofrem quedas anualmente, 1/3 dos idosos caem uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente.

A queda pode ser por fatores intrínsecos como a utilização de vários tipos de medicamentos, doenças preexistentes, fragilidades do próprio processo de envelhecimento e também por fatores extrínsecos como barreiras arquitetônicas, chão escorregadio, falta de boa iluminação, buracos, calçadas irregulares.

Devido à fragilidade física e psíquica, os idosos estão mais propensos a ter quedas e estas podem ser mais graves para a saúde do idoso, principalmente quando comprometem sua capacidade de locomoção e mobilidade.

Uma das lesões mais comuns ocasionadas pelas quedas são as fraturas femorais.

A taxa de incidência de fraturas de quadril para pessoas acima de sessenta anos de idade foi de 50,03/10 mil para o sexo feminino e de 18,73/10 mil para o sexo masculino.

A fratura do fêmur proximal é uma causa comum e importante de mortalidade e perda funcional.

A incidência de fraturas dobra a cada 10 anos.

Após os 50 anos de idade, esses dados aumentam após a menopausa em mulheres e após os 70 anos em homens.

O tipo mais comum das fraturas femorais são as proximais.

Elas podem ser de dois tipos: intracapsulares ou extracapsulares.

Usualmente, as fraturas do colo do fêmur são as intracapsulares e as fraturas transtrocanterianas são as extracapsulares.

O tratamento da maioria das fraturas de fêmur é cirúrgico, visando da redução e fixação estável por meio do uso de variados recursos de osteossíntese, sendo o tratamento conservador reservado para alguns poucos casos.

Após a fixação da fratura a fisioterapia se torna de extrema importância para estes pacientes, visando à mobilização precoce, o treino de marcha e outros métodos de tratamento para manter ou restaurar possíveis déficits.

O objetivo primordial da reabilitação é trazer de volta a qualidade de vida e a funcionalidade, o mais próximo do possível ao que o idoso apresentava anteriormente, ou caso não seja possível, possibilitar o desenvolvimento de sua independência funcional dentro das suas potencialidades.

Nesses casos, é fundamental alcançar a deambulação o mais rápido possível, evitando a imobilização no leito e suas complicações.

Assim o objetivo deste estudo foi realizar uma atualização bibliográfica sobre a atuação na fisioterapia no ambiente hospitalar no tratamento pós-operatório de fratura proximal de fêmur.

Método.

Foi realizada uma estratégia de busca primária e secundária, de 11 artigos sobre Tratamento Pós-Operatório de Fratura Proximal de Fêmur, tendo como referências publicações em inglês e português, cujos descritores foram Fratura, Fêmur, Fisioterapia, Hospitalar, contidas nas seguintes fontes de dados Google Acadêmico, PUB MED, Scielo, dos últimos 10 anos (2009-2019), evitando-se publicações semelhantes.

Uma pesquisa secundária por meio da lista de referências dos artigos identificados foi também realizada.

Resultados:

Autor/Ano Tipo de estudo e objetivo Instrumento de avaliação Metodologia Resultados
 

CARNEIRO; ALVES; MERCADANTE, 2013.

 

Revisão bibliográfica

 

Não foi utilizado nenhum instrumento.

 

Foram pesquisadas publicações nas bases de dados MEDLINE, LILACS e SciELO, referentes ao período janeiro de 2003 a dezembro de 2007.

.

A taxa média de mortalidade no primeiro ano pós-trauma foi de 21,8%. A idade avançada, doenças prévias associadas e o sexo masculino são os fatores de maior contribuição para a ocorrência de óbito entre os idosos. Dessa forma, as políticas de saúde objetivando programar medidas preventivas para diminuir os riscos de quedas na população idosa devem ser implementadas para melhorar a qualidade de vida, assim como reduzir o impacto socioeconômico que esses episódios acarretam.

 

BARREIRA, 2015.

 

Descritivo, longitudinal, correlacional, prospectivo e quantitativo. O objetivo foi conhecer as consequências na capacidade funcional do idoso vítima de queda, da qual resulte fratura da extremidade proximal do fêmur.

 

O instrumento utilizado para cálculo do grau de recuperação funcional foi o índice de Katz.

 

A amostra englobou 35 idosos na primeira avaliação e 30 na segunda, utentes internados no serviço de traumatologia da Unidade Hospitalar de Bragança. Da amostra estudada 33,3% apresentaram fratura do colo do fêmur e as restantes 66,6% apresentaram fraturas trocantéricas, subtrocantéricas e intertrocantéricas. Foi instituído tratamento cirúrgico em 93,3%. Os valores do índice de Katz diminuiram de 15,53 para 12,93 pontos. O grau de recuperação da independência funcional é significativamente maior em doentes que realizaram osteossíntese com prótese da anca, seja ela total ou parcial.

 

BENTO et al.

2011.

Revisão de literatura. O objetivo foi verificar na literatura, os efeitos da fisioterapia nas fraturas de fêmur em idosos.

 

Não foi utilizado nenhum instrumento.

 

Artigos encontrados no banco de dados Lilacs e livros sobre o envelhecimento humano e geriatria, sendo toda a bibliografia utilizada neste estudo do período de 1987 a 2009.

 

Os resultados evidenciaram que a fisioterapia tem papel importante na recuperação e na melhora da funcionalidade desses indivíduos após o evento da fratura. Através das técnicas fisioterapêuticas, conseguiu-se uma redução das quedas pela melhora do condicionamento cardiorrespiratório, da força, bem como o aumento da percepção e da manutenção dos mecanismos de proteção e equilíbrio corporal. Com a melhora da

funcionalidade, acrescenta-se ao indivíduo idoso segurança e confiança na realização das suas AVDs. Considera-se que a pesquisa pode contribuir de alguma forma para o avanço e a disseminação de conceitos a respeito do envelhecimento humano e suas alterações fisiológicas decorridas com o passar do tempo, que possam influenciar nas fraturas do fêmur, além da importância das intervenções fisioterapêuticas no pós-operatório de fratura de fêmur em idosos

 

 

CHANG et al. 2016

 

Trata-se de um ensaio controlado e randomizado. O objetivo foi verificar a medida da autoeficácia, efeito do programa de exercícios em pacientes com fratura de fêmur, e o efeito de medida foi diferentes em relação aos grupos de idade e sexo.

 

Foram utilizadas na avaliação as escalas da Medida Atividade de Atenção Pós-Aguda (AM -PAC): Mobilidade Basic, e Daily Activity.

 

232 pacientes foram selecionados, idade entre 79 + – 9,4 anos, com fratura de quadril. Foram aleatoriamente designados para grupo intervenção (n=120) e controle (n=112). Foi feito um programa de exercícios funcionalmente orientado para casa. Os dados foram coletados no início do estudo, pós-intervenção (6 meses), e follow-up (9 meses). As variáveis primárias para este estudo incluem o relato do paciente sobre a mobilidade básica e da atividade diária e

autoeficácia funcional.

O efeito de mediação do programa de exercícios, sobre a função da mobilidade básica através da autoeficácia para o exercício, foi significativo em 9 meses (βindirect = 0,21). Da mesma forma, o efeito de mediação da intervenção em função de atividades diárias através da autoeficácia para o exercício foi significativo em 9 meses (βindirect = 0,49). Em análises de subgrupos, o efeito de mediação foi significativa em 9 meses no grupo mais jovem ( ≤79 anos) em comparação com o grupo mais velho e foi significativo nas mulheres em comparação aos homens. Os resultados sugerem que os componentes do programa que visam a autoeficácia devem ser incorporadas no programa de reabilitação de fratura de quadril.

 

 

GUERRA et al. 2010.

 

Retrospectivo e qualitativo. O objetivo foi avaliar o resultado clínico e funcional dos pacientes submetidos

à cirurgia por fratura do quadril, relacionando com o escore ASA e com o tempo para o tratamento cirúrgico definitivo.

Foi utilizado o questionário de Escore de Recuperação Funcional.

 

Foram incluídos no estudo todos os 154 pacientes com 65 anos ou mais no momento da cirurgia, que sofreram fratura do quadril (fraturas intertrocantéricas ou do colo do fêmur) de origem não patológica, em qualquer estado cognitivo e funcional prévio, com a devida indicação e cirúrgica e independentemente do tipo e da abordagem cirúrgica.

 

A mortalidade no primeiro ano pós-operatório apresentou diferença entre pacientes com ASA 3 ou 4 em relação aos classificados como ASA 1 ou 2 (dado significante p < 0,05). A mortalidade até o final do segundo ano pós-operatório foi significantemente maior (p < 0,05) no grupo ASA 3 ou 4. O escore pré-operatório ASA não apresentou relação significante com a capacidade funcional atual dos pacientes (dado significante p < 0,05). Não houve diferença significantes entre o grupo operado em menos de 48 horas da admissão e do grupo operado após 48 horas, em relação à mortalidade e à capacidade funcional atual (dado significante p < 0,05). O grupo de 80 anos ou mais apresentou mortalidade significantemente maior (p < 0,05) do que o grupo de 65 a 79 anos até o final do segundo ano pós-operatório. O escore pré-operatório ASA e a idade maior de 80 anos podem ser considerados fatores associados à maior mortalidade após 2 anos de pós-operatório por fratura do quadril. Isoladamente, o tempo para o tratamento cirúrgico não foi significante.

 

KRONBORG et al. 2014.

 

Estudo de coorte e prospectivo. Os objetivos foram analisar a viabilidade do hospital no treinamento de força progressiva implementado na ala aguda após cirurgia de fratura de fêmur com base em critérios pré-especificados.

 

Foi utilizado o mini mental para a avaliação da cognição

 

Um programa diário com 36 pacientes (durante a semana) de treinamento de força de extensão de joelho progressiva para o membro fraturado, usando pesos de tornozelo em 3 conjuntos de cargas máximas de 10 repetições. O desfecho primário foi a mudança na carga de treinamento (kg) durante a extensão de joelho no treinamento de força. Os desfechos secundários foram alterações na dor relacionada com a fratura de quadril.

 

O treinamento de força foi iniciado em uma média de 2,4 (0,7) dias após a cirurgia. As cargas de treinamento (quilogramas levantadas) aumentaram de 1,6 (0,8) para 4,3 (1,7) kg mais de 4,3 sessões (2.2) de treinamento (P, 0,001). A força em extensão isométrica máxima de joelho aumentou de 0,37 (0,2) 0,61 (0,3) Nm / kg (P, 0,001), enquanto o déficit médio de força no membro fraturado diminuiu de 50% para 32% (% não fraturado, P, 0,001). Apenas 3 de 212 sessões não foram realizadas por causa da dor relacionada à fratura de quadril. O treinamento progressivo de força em extensão de joelho no membro fraturado na fase aguda, pode reduzir assimetria de força entre os membros. A eficácia clínica necessita de confirmação em um projeto controlado randomizado.

 

LUSTOSA; BASTOS, 2009.

 

Revisão de literatura descritiva e comparativa. O objetivo desse estudo foi discutir quais os tratamentos mais indicados para esse tipo de fratura em idosos, por meio de uma revisão da literatura.

 

Não foi utilizado nenhum instrumento.

 

As bases de dados pesquisadas foram MedLine, Cochrane e PEDro. Os critérios de inclusão foram estudos publicados nos últimos 7 anos; nos idiomas português, inglês e espanhol; realizados em seres humanos, sem distinção de gênero e com idade maior que 60 anos; estudos com desenho metodológico de ensaios clínicos, ensaios clínicos aleatorizados e revisões sistemáticas com e sem meta-análise.

 

Foram encontrados 7 artigos e após a análise pode-se afirmar que não existe um tratamento específico para as fraturas proximais do fêmur em idosos. O tratamento normalmente indicado na maioria dessas fraturas é cirúrgico e requer envolvimento fisioterápico para uma reabilitação adequada. Apesar da dificuldade de comparação entre os estudos, foi observado que uma equipe de profissionais da saúde parece promover uma reabilitação mais efetiva, além de prevenir complicações.

 

MESQUITA et al. 2009.

 

Revisão bibliográfica que objetivou analisar a morbimortalidade por este tipo de fratura em publicações nas bases de dados MEDLINE, LILACS e SciELO, referentes ao período janeiro de 2003 a dezembro de 2007.

 

Não foi utilizado nenhum instrumento.

 

Foram pesquisadas publicações nas bases de dados MEDLINE, LILACS e SciELO, referentes ao período janeiro de 2003 a dezembro de 2007. Como critério de inclusão, considerou-se artigos cuja população de idosos estudada apresentava fratura proximal de fêmur, tratamento cirúrgico com fixação interna ou artroplastia e história de primeira hospitalização para correção cirúrgica de fratura proximal de fêmur e, como critérios de exclusão artigos cuja população de idosos apresentava outras fraturas, fraturas de fêmur de natureza neoplásica e alterações degenerativas do quadril. Foram localizados 25 artigos, dos quais

foram selecionados 14 de acesso aberto relacionado com a temática.

A taxa média de mortalidade no primeiro ano pós-trauma foi de 21,8%. A idade avançada, doenças prévias associadas e o sexo masculino são os fatores de maior contribuição para a ocorrência de óbito entre os idosos. Dessa forma, as políticas de saúde objetivando programar medidas preventivas para diminuir os riscos de quedas na população idosa devem ser implementadas para melhorar a qualidade de vida, assim como reduzir o impacto socioeconômico que esses episódios acarretam.

 

RIBEIRO; ALVES; MEIRA, 2009.

 

Pesquisa exploratória, descritiva e com abordagem qualitativa.

O objetivo foi identificar a percepção dos idosos sobre o seu envelhecimento e relacioná-la com o referencial teórico disponível.

No início desse encontro, perguntou-se ao grupo quais alterações eles haviam percebido com o envelhecimento, e as respostas foram registradas em folhas brancas e afixadas em uma parede. Foi apresentado o filme “Maravilhas do Corpo Humano: fisiologias do envelhecimento”, com duração de 40 minutos.

 

O tema foi discutido entre os idosos e fez-se um

paralelo entre as falas e o filme, para esclarecimento das dúvidas. A discussão do conteúdo do filme foi gravada e tais informações foram transcritas na íntegra, respeitando-se com fidedignidade o vocabulário utilizado pelos participantes, e submetidas à análise de conteúdo. Os dados foram coletados por meio de gravação e filmagem durante o 4º encontro, em abril de 2007, que abrangia o tema “Alterações fisiológicas do envelhecimento”.

O envelhecimento não deve ser considerado como um período de perdas e incapacidades, pois muitos idosos podem ter a sua capacidade funcional preservada. O importante é a maneira como os indivíduos percebem e lidam com as situações da vida e com as transformações do envelhecimento, a qual determina em grande parte, a pessoa ter uma velhice saudável ou não.

 

RIOS et al. 2012.

 

Observacional, descritivo e retrospectivo. Os objetivos foram avaliar a mortalidade e morbidade de idosos após fratura de fêmur.

 

Avaliação de prontuários dos pacientes.

 

Foram selecionados os pacientes que sofreram fratura de quadril e que foram submetidos à cirurgia de emergência em um hospital universitário.

 

Os resultados assemelham aos publicados por outros autores e mostram que a maior parte da morbidade e mortalidade desses pacientes está relacionada a condições médicas subjacentes e com a condição geral anterior. Em conclusão, fraturas de quadril são um problema comum de saúde pública na população geriátrica. Apesar das taxas de complicação, mortalidade e resultado funcional após

cirurgia, não há nenhuma discussão no tratamento cirúrgico na abordagem destes pacientes, e que os esforços de todos os membros médicos e cuidados de saúde da equipe em geral deve estar

com vista a otimizar as condições de saúde, para determinar o momento mais apropriado para a cirurgia e para fornecer elementos necessários para a reabilitação e início de mobilização precoce, que permite ao paciente recuperar a independência

funcional.

SYLLIAAS et al. 2011

 

Estudo randomizado, controlado, ensaio de grupo paralelo e duplo cego. O objetivo desse estudo foi avaliar um efeito de treinamento de força em pacientes com fratura de fêmur.

 

Foram utilizadas para avaliação a escala de Berg, Time Up and Go, teste de caminhada de 6 minutos, avaliação de atividades de vida diária e o Short Form-12.

 

A interveção foi feita em um abulatório de uma clínica da dor em São José do Rio Preto. Foram selecionados 95 pacientes, grupo controle e grupo interveção com fixação cirúrgica de fratura de quadril. O programa era constituído por 4 exercícios, realizados em 80% da capacidade máxima. As medidas foram tomadas após 12 semanas de intervenção.

 

Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre os grupos no desfecho primário. O grupo de intervenção mostrou melhorias significativas na força, velocidade da marcha e da distância da marcha instrumental, atividades de vida diária e autopercepção de saúde. As 12 semanas de treinamento de força progressiva melhorou a força e a resistência em pacientes após fratura de fêmur.

 

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