Caracterização e funcionalidade da Fisioterapia em pacientes com fratura de rádio

A fratura de rádio distal é uma das lesões mais comuns na população e podem causar prejuízos na funcionalidade e mudanças nas atividades cotidianas dos indivíduos após a lesão.

A restauração da funcionalidade contribui na melhora da qualidade de vida, bem como na redução dos sintomas que influenciam para o retorno ás atividades de vida diária e laborais.

Objetivo: Avaliar a funcionalidade e caracterizar os pacientes com fratura de rádio atendidos em um ambulatório de fisioterapia.

Casuística e Método: Participaram do estudo 15 pacientes, 60% do sexo feminino, com idade média de 44 anos (dp=17,6), com diagnóstico de fratura de rádio, que foram encaminhados para tratamento no ambulatório de fisioterapia. Os pacientes responderam um questionário para avaliação na clínica da dor em São José do Rio Preto, e a avaliação funcional foi feita por meio do questionário Disabily of the Arm, Shoulder and Hand (DASH) um instrumento específico, que avalia a função física e sintomas do membro superior enquanto unidade funcional.

Resultados: Fraturas ocorreram no membro superior dominante em 60% dos casos e o mecanismo de lesão mais comum foi acidente automobilístico (53%). A média de escore do DASH foi de 28,46 (dp=23,32), confirmando a boa capacidade funcional dos pacientes. As habilidades que apresentaram as maiores dificuldades por parte dos pacientes foram: carregar objetos com mais de 5 kgs (86%), realizar atividades que exigiam impacto (66%) e tarefas domésticas pesadas (53%).

Conclusão: Houve prevalência de mulheres, com fratura no membro superior dominante, causados por acidente automobilístico com muita dificuldade em carregar objetos pesados, realizar atividades de impacto e tarefas domésticas.

Introdução.

Na atualidade, as lesões de membro superior provenientes de causas externas têm contribuído com o agravamento de saúde pública. É mais prevalente em jovens do sexo masculino, considerando que o membro superior seja a região do corpo mais utilizada nas atividades de vida diária e assim exposta a lesões.

A fratura de rádio distal é uma das lesões mais comuns na população adulta sendo a principal fonte da perda de produtividade na sociedade, onde na maioria das vezes são causadas por quedas ou traumas diretos. As regiões do corpo mais frequentemente lesadas são mãos, punho e região de antebraço.

Na região de punho a fratura de rádio distal se destaca, sendo comum em pessoas com idade superior a 40 anos. Trata-se da perda de continuidade óssea que ocorre até 3 cm da articulação rádio cárpica. Está associada a quedas sobre a mão, estando em extensão ou em flexão no instante do trauma. Considera-se uma lesão de prognóstico variável, que depende do tipo de tratamento adotado, lesões associadas e o grau de complexidade.

No geral, as lesões de membro superior podem causar prejuízos na funcionalidade e mudanças nas atividades cotidianas dos indivíduos após a lesão. Os pacientes sofrem com a dor, rigidez, apresentam dificuldades de sono, redução da força de preensão e restrição da amplitude de movimento que afetam as atividades de vida diárias e qualidade de vida. Os movimentos necessários para girar maçaneta, empurrar ou puxar objetos, abrir ou fechar portas, fazer higiene pessoal são realizados com maior dificuldade devido à perda da função do membro traumatizado.

A restauração da funcionalidade contribui na melhora da qualidade de vida, bem como na redução dos sintomas que influenciam para o retorno ás atividades de vida diárias e atividades laborais. Sendo assim, a fisioterapia previne complicações e acelera a melhora funcional, favorecendo a amplitude de movimento em toda sua anatomia envolvida.12
Diante das pesquisas realizadas sobre as lesões de membros superiores, foi visto que as manifestações clínicas geradas por estas, afetam diretamente a qualidade de vida a funcionalidade do paciente, podendo levá-lo a déficits nas atividades de vida diária.

A proposta do presente estudo é levantar dados sobre as consequências geradas por traumas de alta complexidade como fratura de rádio distal por meio de questionários para avaliar a funcionalidade de pacientes com lesão de membro superior.

Materiais e Métodos.

Trata-se de um estudo transversal prospectivo, realizado no Ambulatório de Fisioterapia do Hospital de Base de São José do Rio Preto. Participaram do estudo 15 pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos, com diagnóstico médico de fratura de rádio, que foram encaminhados para tratamento da dor em São José do Rio Preto no ambulatório de Fisioterapia.

Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, com o parecer 2.917.777. A natureza e finalidade do estudo foram explicados e o termo de consentimento livre e esclarecido foi obtido previamente ao início das intervenções, assegurando todos os procedimentos éticos que estão apontados pela resolução nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde.

Para dados pessoais e na anamnese as informações coletadas foram: gênero, idade, dominância, lado da fratura, causa do trauma e tratamento pelo médico da dor em São José do Rio Preto. A avaliação funcional foi por meio do questionário Disabiliy of the Arm, Shoulder and Hand (DASH) um instrumento específico, que avalia a função física e sintomas do membro superior enquanto unidade funcional. É composto por trinta questões, envolvendo dezoito componentes: dor, fraqueza, rigidez, formigamento, atividades diárias, tarefas domésticas, compras, atividades de recreação, autocuidado, vestir, alimentação, atividades sexuais, dormir, cuidados com a família, trabalho, socialização e autoimagem, e outro para trabalhadores. O escore total varia de 0 a 100, no qual zero equivale à ausência de disfunção e 100 representa disfunção severa.

Resultados.

O grupo de estudo incluiu 15 pacientes, sendo 60% mulheres e 40% homens com média de idade de 44 anos, (dp= 17,6). As fraturas ocorreram no membro superior dominante em 60% casos, enquanto que no lado não dominante, 40%. O mecanismo de lesão mais comum foi acidente automobilístico 53%. Dos pacientes sofreram queda da própria altura foram 26% dos pacientes, e outros 13% foram vítimas de acidente de trânsito, 7% sofreram acidente de trabalho e 7% sofreram uma queda de mais de dois metros de altura.

Tabela 1. Caracterização da amostra.
Características N %
Sexo Feminino 9 60%
Masculino 6 40%
 
Membro Dominante Direito 10 66%
Esquerdo 5 33%
 
Membro Dominante Lesado Sim 9 60%
Não 6 40%
 
Causa Acidente automobilístico 8 53%
Queda da própria altura 4 26%
Acidente de trabalho 2 13%
Outras causas 1 7%
 
Tratamento Cirúrgico 8 53%
Conservador 7 46%

A média de escore do DASH foi de 28,46 (dp = 23,32), confirmando a boa capacidade funcional dos pacientes. As habilidades que apresentaram as maiores dificuldades por parte dos pacientes foram: carregar objetos pesados (mais de 5kgs), realizar atividades que exigiam impacto e fazer tarefas domésticas pesadas.

Tabela 2: Escore de acordo com habilidades em realizar atividades
Habilidades
Nenhuma dificuldade N %
Escrever 9 60%
Rodar uma chave na fechadura 10 66%
Fazer a cama 10 66%
Vestir uma blusa fechada 13 86%
Lavar as costas 5 33%

Tabela 3: Escore de acordo com a incapacidade em realizar atividades
Habilidades
Muita dificuldade N %
Abrir um vidro com a tampa muito apertada 9 60%
Colocar um objeto acima da cabeça 10 66%
Carregar objetos pesados 13 86%
Usar uma faca para cortar objetos pesados 8 53%

Discussão.

O questionário DASH foi criado pela American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS) em conjunto com o Council of Muskuloskeletal Specialty Societies (COMSS) com a intenção de ser um instrumento cientificamente válido, confiável, sensível e responsivo a sintomas e funções musculoesqueléticas, diante da necessidade de uma medida que refletisse o impacto funcional de uma variedade de doenças e danos no membro superior, contextualizando-o como uma unidade funcional.

O escore médio do questionário DASH encontrado neste estudo foi de 28,7 ± 32,2 pontos. Hudak, Amadio e Bombardier classificaram o escore do questionário como excelente (20 pontos), bom (20-39 pontos), regular (40-60 pontos) e mau (60 pontos); segundo essa classificação, nossa amostra apresenta um estado funcional regular.

Um estudo em Minas Gerais analisou 34 pacientes que sofreram fratura de rádio distal e foram submetidos a fixação com fios de Kirchner, no qual 23 pacientes teve o valor de DASH igual a zero, concluindo que tal tratamento para fratura do rádio distal resulta em um acompanhamento de longo prazo com excelente movimento, pouca ou nenhuma dor.

Já um outro estudo, 80 pacientes submetidos a fixação com placa volar, foram avaliados após 1 ano da cirurgia, onde a média de score do DASH foi de 25 pontos, neste mesmo estudo também foi visto que houve redução de força em preensão palmar, levando os autores a conclusão de que a mobilização precoce é recomendada para melhora de resultados.

Em um outro estudo também em Minas Gerais, Kimura avaliou 35 pacientes, os quais 28 foram submetidos a tratamento cirúrgico, e os outros 7 realizaram tratamento conservador para fratura de rádio distal. Ao serem avaliados notou-se que os pacientes que realizaram tratamento cirúrgico apresentaram um score médio do DASH de 48,05, enquanto os outros sete pacientes apresentaram a média de 55,85. Não sendo considerado pelo autor uma diferença significativa de funcionalidade e do tipo de tratamento da dor.

Rozental, Blazar, ao avaliarem 41 pacientes submetidos à osteossíntese de fratura de rádio distal com placa volar, num período de follow-up mínimo de 12 meses, encontraram um escore médio de 74 pontos no questionário DASH. Após os 12 meses de follow up esses scores variaram de 12 pontos para os pacientes que não apresentaram complicações no pós-operatório e de 22 para pacientes que tiveram complicações.

Verifica-se que neste estudo os questionários de funcionalidade são um parâmetro importante que refletem o desempenho do indivíduo durante a realização de atividades de vida diária, sendo que quanto pior os escores, pior o desempenho e autonomia desses pacientes. A avaliação da funcionalidade se torna, portanto, essencial para a tomada de decisões sobre o tratamento e cuidados necessários ao paciente.

Para pacientes que sofreram trauma no punho é indicado a intervenção precoce por meio da fisioterapia, de modo a empregar nova estratégias e combinações terapêuticas, visando recuperar a amplitude de movimento e força muscular, para alcançar a atividade funcional desses pacientes, para que os mesmos retornem a suas atividades de vida diária.

Conclusão.

Houve prevalência de mulheres, com fratura no membro superior dominante, causados por acidente automobilístico com muita dificuldade em carregar objetos pesados, realizar atividades de impacto e tarefas domésticas.

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